O desfile militar convocado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste sábado (14), em Washington, transcorre sob forte tensão. Além da previsão de chuva, que ameaça atrapalhar o evento, manifestações contra o governo se espalham por mais de duas mil cidades norte-americanas — algumas já registrando episódios de violência.
Trump, em publicação matinal na rede social Truth Social, reforçou o convite para que a população comparecesse: “Nosso grande desfile vai acontecer, chova ou faça sol. Lembrem-se, um desfile em dia de chuva traz boa sorte. Vejo vocês todos em Washington.”
A iniciativa do desfile — o primeiro na capital federal em 34 anos — oficialmente comemora os 250 anos do Exército dos EUA. Mas a coincidência com o aniversário de 79 anos de Trump e o tom marcadamente militar provocaram reações intensas. O evento terá a presença de 6.700 soldados, dezenas de veículos blindados e caças sobrevoando a capital. O custo estimado chega a US$ 45 milhões (cerca de R$ 250 milhões), o que também gerou críticas.
Ataque em Minnesota agrava clima de tensão
Na madrugada deste sábado, a violência atingiu em cheio o campo político: dois parlamentares democratas de Minnesota foram baleados por um homem disfarçado de policial. A deputada estadual Melissa Hortman e seu marido, Mark, foram mortos. Já o senador estadual John Hoffman e sua esposa estão hospitalizados após passarem por cirurgia. Autoridades acreditam que o ataque esteja ligado aos protestos anti-Trump agendados para o estado, e estão desencorajando a participação popular.
Em comunicado, a polícia alertou a população para não abrir a porta a supostos policiais que estejam sozinhos, a menos que estejam acompanhados por outro agente. Em caso de dúvida, a orientação é acionar o serviço de emergência 911.
Grupos extremistas disseminam ameaças
Reportagem do The Wall Street Journal revelou que grupos de extrema-direita, como os Proud Boys, estariam utilizando canais no Telegram para incitar a violência contra manifestantes. Um dos memes compartilhados dizia: “Atire em alguns, e o resto vai embora”.
A movimentação desses grupos elevou o nível de alerta das autoridades de segurança, que temem confrontos entre apoiadores do presidente e opositores que participam dos atos “No Kings” — nome que ironiza o caráter personalista e militarizado do desfile.
Conflito de visões
A secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt, foi questionada na quarta-feira (11) se protestos pacíficos seriam tolerados durante o desfile. Com irritação, respondeu: “Sim. E essa é uma pergunta idiota.”
Críticos apontam o desfile como mais um gesto de viés autoritário por parte do republicano. Paradas militares grandiosas são comumente associadas a regimes autocráticos — a exemplo da Rússia de Vladimir Putin, onde desfiles anuais celebram a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial com forte simbolismo militarista.
Enquanto isso, nas ruas de Washington, os primeiros protestos começaram de forma pacífica, mas o clima segue instável. Com a aproximação do horário do desfile — previsto para as 18h (horário local) —, a combinação de tensões políticas, ameaças de violência e o mau tempo tornam este 14 de junho uma data sensível e emblemática para a democracia americana.