Em um duro posicionamento divulgado nesta quinta-feira (12), o presidente nacional da Federação União Progressista (UP), Antônio Rueda, anunciou que os partidos que compõem a federação — União Brasil e Progressistas — não apoiarão quaisquer medidas do Governo Federal que impliquem aumento de carga tributária. A fala, feita em tom firme, é considerada um divisor de águas na relação da federação tanto com o presidente Lula quanto com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
Entre os alvos criticados por Rueda estão as propostas de taxação de apostas esportivas (as chamadas “bets”), da construção civil e do agronegócio — setores vistos como motores da economia e com ampla representação no Congresso Nacional. A declaração incluiu ainda um ataque direto ao modelo de gestão pública vigente: “Contas públicas não se equilibram com mais impostos. É preciso cortar desperdícios e enfrentar o desequilíbrio fiscal que vem se agravando no atual governo”.
Parlamentares do Ceará seguirão orientação
Com cinco deputados federais no Ceará — Fernanda Pessoa, Moses Rodrigues, Danilo Forte, Dayany Bittencourt (União Brasil) e AJ Albuquerque (Progressistas) —, a federação deve consolidar voto em bloco contra as propostas do Planalto. O movimento indica um afastamento não apenas de Lula, mas também de Elmano de Freitas, cujo projeto de reeleição em 2026 poderá enfrentar resistência da UP.
“Governo pantagruélico” e críticas à máquina pública
Rueda elevou o tom ao classificar a estrutura governamental como “pantagruélica” — em alusão ao personagem literário gigante e devorador — e criticou o contraste entre alta arrecadação e a baixa qualidade dos serviços prestados à população. Segundo ele, o Brasil tributa mais que países do G7, mas entrega menos.
“Taxar, taxar, taxar não é solução. É veneno para a economia, e não remédio”, afirmou. O dirigente defendeu que o governo inicie um verdadeiro programa de austeridade, revendo gastos, cortando privilégios e priorizando a eficiência na gestão dos recursos públicos.
Risco de rompimento político no Ceará
O posicionamento da UP é visto como um recado direto ao governador Elmano de Freitas. Embora a federação tenha integrado a base governista nas últimas eleições, a atual postura indica que essa aliança está sob risco. “Essa é a risca de giz no chão”, declarou Rueda. “Ou se está com o Brasil que quer produzir, investir e crescer, ou com o governo que só sabe aumentar impostos.”
O movimento abre espaço para uma reorganização das forças de centro-direita no Estado e pode impactar diretamente o cenário eleitoral de 2026, especialmente se a UP lançar candidatura própria ao Palácio da Abolição ou apoiar um nome de fora da base petista.
Ao final, Rueda reforçou que o União Progressista reunirá suas bancadas na Câmara e no Senado para formalizar posição contrária a qualquer aumento de impostos que não venha acompanhado de um plano efetivo de redução de despesas públicas. A declaração encerra qualquer ambiguidade: a UP se posiciona, oficialmente, como oposição à política fiscal do governo Lula — e, por consequência, ao seu reflexo no Ceará.