O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, 86, afirmou em um pronunciamento transmitido pela TV estatal nesta quarta-feira (16) que Israel é um “tumor cancerígeno” e um “cachorro na coleira” dos Estados Unidos.
Khamenei disse ainda que o país persa está pronto para responder a qualquer novo ataque militar e que é capaz de realizar um golpe ainda maior do que o visto na guerra com Tel Aviv.
“O fato de que nossa nação está pronta para enfrentar o poder dos Estados Unidos e seu cachorro na coleira, o regime sionista [Israel], é algo muito louvável”, afirmou Khamenei nas declarações.
O governo de Binyamin Netanyahu iniciou seus ataques no Irã, visando instalações nucleares e militares, em 13 de junho, afirmando que Teerã estava perto de construir uma arma nuclear.
O país persa respondeu atacando Israel com mísseis. As hostilidades continuaram por 12 dias, durante os quais os EUA lançaram bombas em três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan. O cessar-fogo, costurado pelos EUA, foi anunciado no fim de junho.
A extensão dos danos causados ao programa nuclear iraniano pelos ataques dos EUA não está clara. Após os ataques, autoridades iranianas reafirmaram sua intenção de reconstruir as instalações para dar continuidade ao programa.
Também nesta quarta, o Parlamento iraniano divulgou uma declaração afirmando que o país não deve retomar as negociações nucleares com os EUA enquanto as condições impostas pelo regime não forem atendidas: a principal delas é de que não haverá novos ataques contra Teerã.
“Quando os EUA usam as negociações como uma ferramenta para enganar o Irã e encobrir um ataque militar repentino do regime sionista [Israel], não é possível conduzir as conversas como antes. Devem ser estabelecidas condições prévias, e nenhuma nova negociação pode ocorrer até que elas sejam totalmente atendidas”, diz o comunicado.
Teerã e Washington haviam realizado cinco rodadas de negociações indiretas, mediadas por Omã, antes da guerra, mas as exigências dos EUA para que o país persa encerrasse seu programa de enriquecimento de urânio doméstico chegaram a um impasse.
O Irã está sob pressão para retomar as negociações nucleares com os EUA. Donald Trump disse na terça-feira (15) que não tem pressa em negociar com Teerã, mas o seu governo, em coordenação com França, Reino Unido e Alemanha, concordou em estabelecer o final de agosto como prazo para um acordo.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, afirmou que Paris, Londres e Berlim acionariam o ‘snapback’, mecanismo que permite o retorno automático de sanções da ONU, caso não haja progresso concreto em relação a um acordo.
Teerã nunca admitiu publicamente que desenvolve uma bomba atômica e afirma que a iniciativa tem fins pacíficos. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o órgão da ONU que fiscaliza os programas nucleares dos países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), confirma que o Irã enriquece urânio a níveis muito superiores ao necessário para geração de energia elétrica em reatores.
O programa nuclear iraniano começou em 1974, antes mesmo de a Revolução Iraniana estabelecer uma república teocrática na nação persa. A iniciativa é vista pelo regime como um símbolo do protagonismo do país em uma região instável.
O Parlamento do Irã aprovou no mês passado uma resolução suspendendo a cooperação do país persa com a AIEA.