Símbolo de coragem, liberdade e autenticidade feminina, Leila Diniz será homenageada em sua cidade natal, Niterói, com uma escultura em tamanho real, feita em bronze.
A iniciativa partiu do prefeito Rodrigo Neves, que encomendou a peça ao artista Rodrigo Pedrosa. A estátua trará Leila com o ventre de sete meses de gravidez à mostra, replicando a icônica fotografia de Joel Maia, capturada no início dos anos 1970.
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Reconhecida por seu comportamento espontâneo, Leila Diniz marcou época ao questionar padrões e desafiar tabus. Em tempos de censura e repressão, especialmente durante a ditadura militar, ela insistiu no direito à liberdade do corpo e da expressão.
Rompeu convenções, como quando defendeu o uso de biquínis nas praias de Niterói, e se manteve firme mesmo sob vigilância das autoridades. A imagem escolhida para a escultura representa justamente esse espírito desafiador: uma mulher grávida que se recusa a esconder o próprio corpo.
Filha de uma professora e de um banqueiro, Leila logo demonstrou independência. Saiu da casa dos pais ainda jovem para viver com os avós e, aos 15 anos, começou a dar aulas para o jardim de infância. Pouco tempo depois, iniciou um breve relacionamento com o cineasta Domingos de Oliveira, que durou três anos e a introduziu ao universo artístico.
Leila Diniz brilhou nas artes e confrontou a censura
Leila não se limitou ao cinema. Atuou em novelas, peças e comerciais, firmando sua imagem como musa da contracultura. Apesar da breve carreira, a artista acumulou 14 filmes, 12 novelas bem como incontáveis participações teatrais.
Em 1964, contracenou com Cacilda Becker e também brilhou nos palcos de Carlos Machado. Já nos anos 1970, consagrou-se como vedete, ganhando títulos como por exemplo Rainha da Banda de Ipanema e Rainha das Vedetes, oferecido por Virgínia Lane.
Uma de suas passagens mais marcantes ocorreu durante uma entrevista ao jornal “O Pasquim”. Suas palavras, repletas de irreverência e acima de tudo espontaneidade, escandalizaram o país. O uso de palavrões, as opiniões sobre sexualidade bem como o desprezo pela censura imposta resultaram em sua demissão e perseguição política. Sem oportunidades na grande mídia, refugiou-se por um tempo no sítio de Flávio Cavalcanti e logo passou a integrar o júri de seu programa na TV Tupi.
Pouco antes de morrer, Leila participou do Festival de Cinema de Melbourne, onde recebeu um prêmio. Na volta, embarcou no voo 471 da Japan Airlines. O avião caiu em Nova Délhi, matando todos os passageiros.
Leila Diniz tinha apenas 27 anos. Após o acidente, o cunhado encontrou entre seus pertences um diário. Em uma das páginas, a atriz havia escrito: “Está acontecendo uma coisa estra…”. A frase, nunca finalizada, alimenta até hoje o mistério que ronda seus últimos momentos.